RELEMBRANDO
A boca vomitando palavras benditas de um amor prescrito.
As lembranças pairando por entre todos os sorrisos que fossem nossos.
Em nós, todos os pecados do mundo, e os expiávamos,
pagando as dores de gestos que nunca foram nossos.
Nossa loucura jogada no mundo, entre cores, flores e relvas,
a tua eterna maneira de ser mulher.
Teu corpo em flor, perdido entre meus braços, pedindo a ti
os sabores da corrupção de tua libido virginal.
Teu delírio se fez meu e, nossos corpos, tornaram-se
filhos de uma mesma causa, perdidos entre as loucuras e
insanidades de nosso amor imperfeito.
Éramos, pois, propriedades mútuas
de uma paixão ilimitada, que jazia no mar, que volvia à terra e
passeava por entre os mortais travestido de amor passageiro.
Tuas forças eram tão minhas que se perdiam em mim,
por saberem-me gêmeo de tua alma, cúmplice dos mandos supremos.
Tínhamo-nos em casas, sonhos, relvas, murmuros, rios, sussurros;
e a bendita água inundando-nos o espírito,
tão elevado por coisas de nosso passado,
que tampouco compreendíamos.
Amava-te esquizofrenicamente e, em tua vida, achava o algo me fazendo ver,
na luta, a busca eterna de minhas perguntas, a fuga das minhas respostas.
Sempre teimei em fugir do encontro comigo mesmo.
Sempre fugi daquilo que sempre fui eu.
Um comentário:
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