quinta-feira, 10 de julho de 2008

Palavras

ÚNICA SAÍDA

Corro atrás de sonhos e me apego a eles,
como se fossem soluções para tantas coisas
que me parecem insolúveis. Mas, eles são reais e
carregam em si as imperfeições que imagino inexistentes.
Tento, mesmo assim, prosseguir em minha utopia,
em uma tola tentativa de mudar, de tornar perfeito aos
meus olhos, aquilo que nunca o será.
Torturo - me, então, por minha incapacidade de
fazer algo por mim, vejo - me incapaz, e infinitamente longe,
de ver - me feliz. Obrigo - me a ficar calado e deixar
que, dentro de mim, rolem lágrimas de uma tristeza dolorosa,
de uma sensação de vazio corrosivo e assassino me levando
por caminhos obscuros e perigosos, por trilhas infinitas,
que parecem me atrair de forma lânguida a locais ermos,
onde apenas minha solidão me acompanha e se mostra
como única maneira de eu sobreviver à sedução de uma
loucura destrutiva me perseguindo por toda a extensão
da minha vida. Vejo - me triste e calado e isto me mata,
de forma lenta e implacável, parecendo um temível carrasco
morando em mim, que, mesmo sabendo ser o meu fim a morte
dele, teima em me sufocar, explicitando um mórbido desejo
de matar aquele que lhe dá vida.
Olho, então,para dentro de mim, procuro razões e vejo,
em um futuro desconhecido, motivos para continuar,
afinal, sei ser esta esperança
a única maneira de manter - me vivo.


Setembro/1994

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